07/04/2015

A minha recuperação

Eu continuo na minha luta. Continuo a tentar voltar a andar normalmente, a tentar não depender das canadianas. Esperemos que, depois de várias operações, esta resulte. Não tem sido por falta de esforço nem de empenho da minha parte, nem da parte das pessoas à minha volta, que todo este processo tem sido tão demorado. Há coisas assim. Há coisas que fogem completamente ao nosso controlo e que acabam por nos dar é uma grande lição. Coisas que nos ensinam a ter de ter paciência, a dar tempo ao tempo, a ter coragem, a rir mesmo quando só temos vontade de chorar. Coisas que nos ensinam, literalmente, a dar valor a cada passo que damos. 

Se, há dois anos atrás, me dissessem que eu agora ainda ia estar assim eu diria que era impossível, que eu não ia aguentar, que iria dar em doida por não andar durante tanto tempo, etc...mas, aguentei. Ainda estou a aguentar. Nós aguentamos tudo. Quando não há outra alternativa nós surpreendemos-nos a nós próprios e suportamos muito mais do que aquilo que pensávamos ser o nosso limite. Não estou a dizer que é fácil, porque não é, de todo, mas aguenta-se. Uns dias melhor, outros pior. Uns dias com um sorriso sentido, outros com um sorriso forçado, numa tentativa de disfarçar as lágrimas que teimam a aparecer. Uns dias com toda a esperança do mundo, outros com todas as incertezas. O importante mesmo é ir tentando sempre. 

Conselhos que ninguém me pediu mas que, devido a tudo o que tenho passado, posso dar a quem está a passar por um momento menos bom na vida:
Cada qual passa pelos momentos menos bons à sua maneira. Uns a rir, outros a chorar, e ainda há outros, como eu, que, quando a emoção ou a dor é tanta, fazem as duas coisas em simultâneo (sim, rir e chorar ao mesmo tempo é algo que faço com alguma frequência, principalmente na fisioterapia). O importante é arranjarmos maneira de passarmos pelas coisas e mantermos a nossa sanidade mental. Se precisares de chorar, chora, chora à vontade. Um bom choro às vezes limpa a alma. Permite-te a ti própria ires-te abaixo uma vez ou outra, ninguém é de ferro. Às vezes precisamos de irmo-nos abaixo durante uns minutos para, de seguida, levantarmo-nos com mais força. Não é saudável guardares tudo dentro de ti. Lembra-te: "Chorar não significa que és uma pessoa fraca, muitas vezes significa que tens sido forte durante muito tempo". 
Mantermos-nos nós próprios é o mais difícil quando estamos com um problema de saúde e dependentes de outras pessoas. Não interessa aquilo que os outros acham que tu deves sentir, interessa o que tu sentes. Por mais boa vontade que as pessoas tenham, só tu sabes o que precisas de fazer para te sentires melhor, porque só tu sabes o quanto dói. Nunca ninguém vai perceber o que nós estamos a sentir, se não passaram pela mesma situação. Nem podemos esperar que percebam, não é realista. 
É muito importante termos pessoas ao nosso lado nos momentos menos bons, mas pessoas que estejam lá para ouvir, para apoiar. Pessoas que dêem-nos a liberdade de sermos nós mesmas, mesmo quando já nem sabemos o que isto significa. Li uma frase parecida com esta uma vez e nunca mais me esqueci: "Na maior parte das vezes não precisamos de alguém que nos levante do chão, precisamos de alguém que se deite ao nosso lado até que nós nos possamos levantar sozinhos". Nunca me esqueci desta frase porque percebi que era a realidade. Se tiveres pessoas assim a teu lado não as afastes, estima-as, confia nelas. 
Ah, e quanto àquelas pessoas, que até nem estão por dentro do que se está a passar contigo, virem que estás com um problema de saúde e fizerem comentários descabidos, ou derem conselhos absurdos (acredita que vão dar, vezes sem conta...faz parte), desvaloriza, não te aborreças. Lembra-te que as pessoas são sempre óptimas a arranjarem "soluções" e a desvalorizarem os problemas dos outros, mesmo que não saibam resolver os próprios, mas não fazem por mal, faz parte. Não vale a pena estares-te sempre a explicar e a desgastar vezes sem conta com pessoas que nem estão por dentro do que se passa. Poucas são as pessoas que se importam verdadeiramente, a maioria quando faz perguntas ou comentários tem apenas curiosidade em saber o que se passa. As pessoas só entendem o que querem entender mesmo. E, no fim de contas, quem gosta verdadeiramente de ti entende. Escolhe as tuas batalhas e guarda a tua energia para aquilo que tu podes e precisas de resolver, o teu problema. O resto, por comparação, não tem assim tanta importância.

Não estava a fazer conta de escrever tanto sobre isto, mas acabou por acontecer. Não estou a dizer que sou uma expert no assunto, e sei que não escrevo particularmente bem, estou simplesmente a falar sobre o que tenho vindo a aprender com a minha experiência. Sei que as minhas palavras não vão resolver os problemas de saúde de ninguém, sejam eles quais forem, mas, se confortar alguém, nem que seja minimamente, já valeu a pena.

Beijinho,
Ana

2 comentários:

  1. Olá Ana! Só quero deixar-te um beijinho de força e melhoras! Às vezes vou passando aqui no blog e infelizmente vou vendo que as coisas estão a atrasar-se e quando penso que já começas a recuperar, ainda não está tudo a correr bem como era esperado... Mas olha, como tu dizes, é aguentar e dar o teu melhor, que vai correr tudo bem! Fico sempre triste quando vejo que afinal ainda não estás bem, e apesar de não sermos amigas, conheço-te desde sempre e só te desejo bem! MUITA FORÇA e as rápidas melhoras! Rezo por ti. Um beijinho (Nádia Valente, Casalinhos de Alfaiata)

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    1. Olá Nádia! Muito obrigada pelas tuas palavras. Não te vejo há muitos anos e fiquei muito sensibilizada por teres perdido um bocadinho do teu tempo a deixares-me este comentário aqui.
      Obrigada mesmo.
      Beijinho

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